MEU BAÚ

Busquei saudades escondidas num baú,

Empoeiradas, algumas até sem cores,

Outras bastando alguns assôpros,

Até calmas parecendo sonolentas,

Aguardando serem acordadas,

Para despertarem suas ansiedades,

Diante de vivências tão bonitas.

Lavei em águas transparentes,

Para restabelecer suas dignidades,

Algumas feridas pelas dores do passado,

Outras no entanto esplendorosas,

Pois trouxeram alentos adormecidos,

Que jamais deixaria esquecer,

Tantas foram suas magnitudes.

Peguei pedaços de minha infância,

Tão bonita que até me fez sorrir,

Pois criança solta e desimpedida,

Percorri espaços que jamais imaginei,

Subindo em árvores e nadando em rios,

Sem temer perigos diante de ousadias,

E assim mostrei minhas irreverências.

Já jovem com o coração em sobressalto,

Procurei um amor sem encontrar caminhos,

Só bastando um olhar que me conquistasse,

Pois tinha ansiedades que me inquietavam,

E não entendia como foram aparecendo,

Até que um sorriso lindo um dia me conquistou,

E entrelaçamos então uma vida de encantos.

Dissabores constantes que nos surpreendem,

Também me atingiram com toda virulência,

Pois esse amor que preenchia meus sorrisos,

Um dia se foi e para sempre se ausentou,

Quem sabe até sorrindo em meus sonhos,

Pois a sinto quando as saudades me envolvem,

Sem presença física para ao menos me tocar.

Baú que guardei num canto e esqueci até,

Busco agora revisar mais pensamentos,

Bastando para isso tirar algumas poeiras,

E logo surgem preciosidades tão bonitas,

Que guardei e o tempo se ausentou

Mas que agora diante de chamamentos,

O coração me pede e tenho que atender.

10-09-2009