Cerração

Cerração

Na cerração da rua, encontro outra vez

A casa.

A casa da minha Avó.

Abro o portão de ferro.

E vou pelo caminho de pedra,

Entre contornos de folhas lustrosas,

Junquilhos e papoulas

E salsa, cebolinha verde, mangerona,

Alecrim e cidró.

E vêm, pela janela da cozinha,

Cheiros de assado.

E roupas limpas

Balançam molhadas na corda,

Entre velhos prendedores.

A porta abre melodias pelo quintal

Recém-varrido.

E, de avental, cortando temperos,

E, de uniforme, batendo um bolo,

Minha Avó e minha Irmã

Preparam felicidades.

Lembranças

Para os que ficam do lado de fora,

À sombra dos lençóis branquinhos;

Para os que ouvem,

De muito longe, sons de tão perto

Entre flores e perfumes;

Para os que vêm pela cerração

E ainda não podem entrar.

Ilram Rekrem
Enviado por Ilram Rekrem em 10/09/2009
Código do texto: T1802434
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