Cerração
Cerração
Na cerração da rua, encontro outra vez
A casa.
A casa da minha Avó.
Abro o portão de ferro.
E vou pelo caminho de pedra,
Entre contornos de folhas lustrosas,
Junquilhos e papoulas
E salsa, cebolinha verde, mangerona,
Alecrim e cidró.
E vêm, pela janela da cozinha,
Cheiros de assado.
E roupas limpas
Balançam molhadas na corda,
Entre velhos prendedores.
A porta abre melodias pelo quintal
Recém-varrido.
E, de avental, cortando temperos,
E, de uniforme, batendo um bolo,
Minha Avó e minha Irmã
Preparam felicidades.
Lembranças
Para os que ficam do lado de fora,
À sombra dos lençóis branquinhos;
Para os que ouvem,
De muito longe, sons de tão perto
Entre flores e perfumes;
Para os que vêm pela cerração
E ainda não podem entrar.