AMOR COM PÃO E MANTEIGA
AMOR COM PÃO E MANTEIGA
Rendo-me no ofegante suspirar
enquanto a hora do adeus não chega.
No lanche da três seremos quatro
querendo beber o café na mesma xícara.
O aroma fresco foge pelo bule
como um dia fugimos em nossa busca,
mas fomos traídos olfativamente.
No lanche das três apenas um
partirá o pão para por manteiga.
A serra da nossa existência fará sua parte
intrépida, sem imaginar a dor que provoca
repartir as bandas das metades minhas
que serão inteiras sem ti.
Lá fora, o dia nublado convida à reflexão
e eu te deixo à mesa sem mim,
no exercício de ser metade...
Retorno rápido com medo do café esfriar
diante de nós.
Frios eu, você e o café, seguimos rumos
em desatino:
eu fui dormir
você pra sua nova casa.
O café, porque não foi bebido,
esfriou, adormeceu no bule...