VELHA INFÂNCIA...
Quando era criança
Pensava em voar
Tinha tênue esperança
De que a vida ia mudar
Minha fase pueril
Permitia muita fantasia
Mas na parte juvenil
Compreendi a hipocrisia
Difícil período de transição
Deixar de lado a ilusão
Partir para o mundo real
Perceber-se simples mortal
Foram tantas decepções
Paralelas às descobertas
Perdia-me em contradições
Mas as portas estavam abertas
Finalmente, na fase adulta
Os sonhos da velha infância
Que pena, a gente sepulta
Dá lugar, agora à ganância
É quase que até um insulto
Diante de tudo, ficar mudo
Mas a homenagem é um culto
Que presto, entre “ais”, até demais
Ao tempo que não volta mais
Mas que remete à lembrança
E o pouco que há já me satisfaz
Lembrar–me que já fui criança!