FOLHA MORTA
Guida Linhares
 
 Sou como folha morta,
jogada num canto qualquer,
pela família que tanto amei!
Há anos asilado nesta casa de repouso.
Lembro deles pequeninos,
a correrem pelo quintal de casa.
Eram a minha força para lutar.
Quatro crianças sadias e felizes.
Quatro sonhos de vida,
que eu pensei acompanhar
até o fim dos meus dias.
Batalhei muito para dar estudos,
para fazê-los cidadãos do mundo.
E com orgulho vi cada um se formar,
ganhar espaço e fazer família.
Deus chamou a minha deusa,
e então começou a minha sina.
De casa em casa,
a tentar participar da vida
de cada um deles.
Mas não deu certo e chegou o momento
em que resolveram me asilar.
No começo me visitavam toda a semana;
depois uma vez por mês;
depois só no Dia dos Pais e no Natal.
Acho que estou caducando...
mas foi no Natal de 2004
a ultima vez que os abracei e beijei.
Depois esperei...esperei...me desesperei....
e Deus sabe o quanto chorei!
Mas hoje em dia olho a vida
de um jeito diferente...eles também
viraram pais e quem sabe serão mais felizes,
pois estarão com meus netos, até o fim dos seus dias.
São meus filhos e só posso desejar a eles
o Bem. Que Deus os ampare e a mim também!
A você, que é pai
ame sempre seus filhos,
independente de qualquer situação!
Feliz Dia dos Pais.
 
Santos/SP/Brasil
10/08/08