A CARTA
[Hoje eu vim constuir a base do futuro,].
Ser o que pretendem que eu seja.
Como o ardor, vou passar rapidamente,
Mas um castelo de verdades e mentiras estará edificado.
O pai do carente, o pai do misero sedento, o pai que mata a fome,
Então eu posso me presentear com um sorriso do que tenho almejado.
Esticar sobre as poltronas fotos dos meus queridos anjos,
E ficar debruçado sobre elas quando a minha vontade de pega-los no colo
For maior que as minhas necessidades de pai.
Vou empilhar as histórias contadas e redigir a grande emoção
De ter os filhos á minha volta.
O rito que me fez entender o que é ser amado e
O amor me olhando pela fresta da janela me faz construir sempre o desejo da intensidade.
Os olhos crescem e partem na estrada solitária de cada um,
As vozes rompem o choro e a gargalhada implorando o colo.
O mundo segue adiante com fogo e brisa,
E o meu sonho vai alem do cuidado e da preocupação.
O meu estado é sólido como a rocha
E meus dias vão morar á beira mar.
Longe eu vejo a família no horizonte,
Sinto que o céu é o limite.
E coloco uma carta ao encontro dos que criei,
Sempre assoprando as águas pra que se forme ondas á favor do grande mar.
Para que um dia você me descubra
Por traz das lembranças.