Fotografias e poesias numa tarde chuvosa
A chuva molha o papel,
deixando círculos opacos e embaçados.
A força da caneta
rasga uma palavra de seu texto.
Pensou em como aquela gota cristalina
poderia ser uma lágrima,
que caiu exatamente na palavra "amor".
O rapaz sorri com certa melancolia.
E atira a caneta longe, sem olhar para onde.
Mas o papel, dobra com cuidado
e guarda em seu segundo bolso mais espaçoso.
Continua sentado no meio-fio, encharcado.
Do bolso mais espaçoso, retira uma foto dela.
Não derrama lágrimas, mas chora.
As centenas de fotos que guarda
são as lembranças mais fortes
dela.
Fotografou-a nas mais inúmeras
situações.
Quando sorria, quando estudava,
penteava o cabelo,
até quando estava séria.
Agora que nunca mais poderia fotografa-la,
vê o real significado da morte.
É uma tristeza vestida de preto,
que vem sempre, que machuca,
deixando uma marca
que só o amor pode curar.