No silêncio
Há um vazio dentro de mim,
Uma ausência infectando meu ser
Como um vírus querendo meu fim,
Pois no espelho não posso me reconhecer...
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Há na noite um póstumo silêncio no ar,
Fazendo-me por suas variantes calar
Ele me atormenta, e não me faz enxergar,
Que em flores rubras, eu estive a pisar...
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E esta ainda insiste em me rotular,
Quando não percebi seu espinho me ferindo
Sê errei! Errei tentando acertar,
Pois é muito fácil amar estando sozinho...
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Não foi por falta de carinho, nem amor,
Eu que me perdi do caminho da razão
E pus-me despetalar tão pequena flor,
No dia de sua mais bela coloração...
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Só sobrou o silêncio num jardim vazio,
E a tristeza de um ébrio famigerado
Escrevendo suas odes num canto do átrio,
Onde o silêncio sagazmente tem lhe condenado...
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O medo lhe cala, mas com coragem escreve,
Sentimentos depostos nos papiros em garrões
No silêncio de suas palavras, põe sua alma leve,
E esquece da vida, e o temor das ilusões...
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A epístola para seu funéreo amor,
Morto pelo silêncio, que também o fez calar
Que o fechou no escuro, no império da dor,
Como num ataúde que se fez fechar...
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Tal qual é a miséria da vida de quem não ama,
Tal qual é a miséria de quem não sabe reconhecer
Que a vida é um teatro num constante drama,
Morte, antônimo de vida, vida, sinônimo de viver...
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Como eu queria os anjos do passado no futuro,
Mostrando-me todos caminhos que errei
E todas incertezas que me tornaram inseguro,
Das decisões a qual eu nunca tomei...
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Como eu queria os anjos do futuro no passado,
Mostrando-me como sou, depois como eu serei
Solidificando ao meu molde figurado,
Mostrando-me também, que para sempre te amarei...
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Mas mesmo agora, condenado no meu silêncio,
Tento descrever a simplicidade que tem a flor,
E seu perfume doce no ar, ainda está suspenso,
Na continuidade de uma única palavra...Amor...