CASARÃO DE NEUZA COELHO
Flamarion Costa
Era um lindo casarão:
– último talvez,
feito de sonhos, madeira e barro
escondido por trás de um jardim.
Um casarão nobre,
mas de cores tristes
Mais triste que os olhos de dona Neuza Coelho...
Ali ela guardou segredos
e mistérios...
Era tão bonita aquela casa,
adornada por um jardim
bem cuidado,
sempre florido!
De frente a praça do Pirulito
ela sobreviveu por um século...
A esquerda o Santa Clara e
a Santa Madre Igreja
o comércio da Casa Coelho bijuterias e balangandãns.
A direita a igreja presbiteriana protestante... o cinema!
A casa de Dona Neuza Coelho
mais parecia um castelo medieval...
mas onde se escondeu o Príncipe se lá a princesa
vivia enclausurada,
esquecida!...
Suas janelas barrocas
de silhueta imponente
encantavam...!
AH! quantas vezes aqui passei
sem perceber seu encanto...
seu porte altivo!
Enqusnto muitos passagem
como alguém que fita o infinito, sem vê o céu.
A velha casa resiste ao tempo
ao vento,
guarda segredos, lembranças saudade !
A velha casa inerte na praça,
insiste sobreviver ao tempo que passa...
Passa o bêbado cambaleando
Passa os meninos saltitantes
A vida passa
sem que ninguém ver
a importância desta casa.
O pipoqueiro na calcada
espera o fim do filme
o frenesi do Santa Clara...
Todos indiferente passam
pelo casarão esquecido...
Alguns num olhar silencioso
fitam o jardim
elogiam as flores e se vão!
De quando em vez
Janelas abertas
renovam o ar arejando a casa
espantando os fantasmas adormecidos
mas ninguém a janela sai!
Morro de curiosidade
de por um instante,
espiá a casa
pelas frestas do muro...
Fico a imaginar a decoração
Luiz XV
mas receoso passo ligeiro:
- É muito mistério
pra um só coração.
De repente
um tenebroso ruído
rompe o silencio
naquela manhã triste...
um metálico ruído
assusta meu coração que descompassado
se pasma diante da visão...
Nunca mais vou esquecer!
o que vi naquela manhã:
- Os pregos resistiam ao martelo
as telhas se suicidavam
atirando-se do alto ao chão!
Enquanto homens insensíveis
comandavam a tragédia:
- tire as ripas, a fiação, desmanchem o jardim!...
As velhas janelas barrocas gritavam nãooo!
A velha testemunha do século
vai se desfazendo em pó !
Aos gritos pregos e vigas
se agarram,
resistem ao fim e Eu
pasmo e estático
ao pé do Pirulito vejo
a eira tombar ao chão
como um corpo que jaz...
Foram momentos
de tristeza, sem fim
e mesmo sem nada,
quase nada saber
da Casa
ou de sua misteriosa dona
choro diante da cena
O fim de um velho casarão.
Era tão bonita
a Casa de Dona Neuza Coelho
tinha tantas histórias
pra contar...
Sonhos mortos...
pedaço a pedaço
a casa foi ao chão!
O jardim revirado...
a calçada interditada...
tudo era como um só pesadelo
que parava as pessoas
a indagar exclamando:
oh! Por quê?
Indignadas
seguiam seus caminhos
sem olhar pra trás
sacudiam a cabeça negativamente
quando lhes diziam:
- Aqui será um futuro Banco!.
Por um instante
foi como se ouvisse sua súplica
a me pedir socorro
e quando dei por mim,
chorava também!
Enquanto o pedreiro
e o carpinteiro
inconsciente
destruíam a história
apagavam os vestígios
de um passado de glórias!
O último casarão de SaMaVi acabou de ruir...
Morreu alguém dentro de mim...
Eu imóvel,
sentado no batente do pirulito
ouvia de quem passa
o lamurio triste.
- gente por quê?
Restará doravante
Fotos preto e branco
lembranças do velho casarão
da Praça do Pirulito...
da praça da bandeira!
Nada
apagará em mim sua silhueta...
o cenário belo da paisagem
da praça...
sempre que fitar aquele espaço verei ao fundo
o velho casarão de Dona Neuza.
A praça está morta
e minha´lma triste
Sem o casarão
sem o pavilhão no alto pirulito...
uma praça vazia de sonhos
só vestígios
de um brasão republicano
lembrança doloridas
do casarão demolido!
Gente!!!
demoliram a casa de Dona Neuza Coelho
foi riscada de nossa história
o patrimônio cultural de Samavi!
será que só eu percebo a dor deste fim?
Nada apagará em mim
as lembranças da silhueta...
o cenário da paisagem, a praça...
Sempre fitar aquele espaço, verei ao fundo
O velho casarão de Dona Neuza
sua altiva silhueta do século passado!
A praça está morta e minha´lma triste chora
Sem casarão, sem o pavilhão
resta uma praça vazia de sonhos
vestígios de um brasão republicano
e as lembrança dolorida do casarão demolido!
Gente!!!
demoliram a casa de Dona Neuza Coelho
A testemunha do século foi riscada de nossa história
será que só eu percebo a dor deste fim?
Flamarion Costa
Nada apagará em mim
as lembranças da silhueta...
o cenário da paisagem
a praça...
sempre fitar aquele espaço,
verei ao fundo
O velho casarão de Dona Neuza
sua imagem altiva
silhueta do século passado!
A praça esta morta
e minha´lma triste chora
pelo conjunto da obra
morta!
Sem casarão, sem o pavilhão
restama uma praça vazia
de sonhos
só vestígios de um brasão republicano
e as lembrança dolorida do casarão demolido!
Gente!!!
demoliram a casa de Dona Neuza Coelho
A testemunha do século foi riscada de nossa história
será que só eu percebo a dor deste fim?