Um velho à espera do sepulcro
Ei, você, velho homem no espelho
Você mesmo! De rosto enrugado
Já não vinga viver no passado
Não fraqueje, encare esse velho
Os fios rebeldes que sobraram
Nesse seu calvo crânio grisalho
O fazem parecer um espantalho
Cujos corvos do tempo judiaram
Sinto pena ao olhar pr'um varão
Cujo escroto idoso e vencido
Jaz careca, sempre dolorido
De tanto arrastar-se pelo chão
E esse falo, o seu velho parceiro
Que tantas alegrias lhe deu?
Não nos resta dúvidas: morreu!
Não se ergue por nenhum dinheiro
Seu destino agora é borrar calças
Perder vista, audição e memória...
A moral desta minha história
É não dar-lhe esperanças falsas
Pois no fim, no seu último dia
A morte será só um conforto
E esse velho então, depois de morto,
Terá na morte só alegria.