Um velho à espera do sepulcro

Ei, você, velho homem no espelho

Você mesmo! De rosto enrugado

Já não vinga viver no passado

Não fraqueje, encare esse velho

Os fios rebeldes que sobraram

Nesse seu calvo crânio grisalho

O fazem parecer um espantalho

Cujos corvos do tempo judiaram

Sinto pena ao olhar pr'um varão

Cujo escroto idoso e vencido

Jaz careca, sempre dolorido

De tanto arrastar-se pelo chão

E esse falo, o seu velho parceiro

Que tantas alegrias lhe deu?

Não nos resta dúvidas: morreu!

Não se ergue por nenhum dinheiro

Seu destino agora é borrar calças

Perder vista, audição e memória...

A moral desta minha história

É não dar-lhe esperanças falsas

Pois no fim, no seu último dia

A morte será só um conforto

E esse velho então, depois de morto,

Terá na morte só alegria.

Felipe Tavares Teixeira
Enviado por Felipe Tavares Teixeira em 21/06/2009
Reeditado em 07/04/2010
Código do texto: T1659713
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