Saudades
O cubículo solitário reduz-me a necessárias lamurias
Não mais vejo nuvens sobre a clareira deserta
Nem o nascer do sol a banhar-me a pele alforriada
Os pássaros batem asas sob minha imaginação
Seus cantos ainda ecoam distante em minha lembrança
E são nelas, nas recordações, que sou livre a voar em ilimitados confins
De minhas saudades não me cortaram as asas
Não reprimirão as saudades de minhas paixões
Estas são minhas. Muito mais que um dia à liberdade!
Liberdade que, na verdade, nem sei se a tive um dia
Pois sempre somos prisioneiros de alguma coisa
De algum desejo ou da vontade de alguém...
Sempre somos aprisionados e perdemos o clarão
Os labirintos escuros são minguados e, por vezes
Conduz-nos a uma carlinga erma e inabitada
Somos heróis por um dia, em outros somos vilões
E por tantos mais esquecidos. Sem lagrimas
Sem saudades, sem perdão ou asas para voltar...