LAMENTO BLUE

Oh! Cidade de pedra-blue

povo do coração a ferro

nem a lembrança do crepúsculo cintilante

tardes cósmicas, empoeiradas

chapéu de estrelas

sobre cadeia de montanhas

barrando o horizonte

levam-me de volta a tí

alto do Campestre

andar à sombra de montanhas no verão

sob neblina no inverno abandonado das ruas

O Pico ainda explode ?

Só pés-de-pomba não têm mêdo

panelas tremem, chão retumba às dez horas

um manto finíssimo e escuro cobre as casas

sobrevoa telhados e se estica

é pó brilhante, não é ouro, nem purpurina

é fécula de ferro

Dia e noite homens esfolam o solo

a vida escorre morro abaixo

em grandes comboios até o mar

Locomotivas tristes apitam e se despedem

cada vez que levam um pouco da cidade

Um abismo se cava no seio da mãe gentil

O buraco engole, no lugar, seu povo