O DIAGNÓSTICO
Está não é bem uma poesia, é como me senti ao receber um diagnóstico de uma doença degenerativa dos nervos, sem cura...
Nunca pensei que fosse acontecer isto... Nunca imaginei como seria saber desta realidade aos 46 anos... E tudo o que se passou pela minha cabeça está no que escrevi... Nunca pensei ter tanta calma naquela hora....
O DIAGNÓSTICO
E... Quando soube, tive a imensa vontade de ver o mar,
“deserto”... E me transportei até lá...Fiquei entre a areia amarela e graúda, de joelhos... Sentada sobre as pernas...
Pude sentir a brisa em meu rosto e a imensidão do oceano !!! Sentia uma paz! Eu me via...
Eu mesma contemplava meu rosto, mesmo me vendo com o rosto mais jovem, admirava meu rosto bonito... Talvez seja esta imagem que terei de mim quando no futuro poderei me lembrar...
Mesmo que meu corpo não se conforte... Que meus braços não se coordenem e minhas mãos não me obedeçam... Mesmo que tenha meu olhar parado, mandíbulas caídas e minhas pernas não me sustentem...
Mesmo que eu desfaleça e não reconheça mais ninguém... Meus amados...
Sei que isto não estava em meus planos, que não foi isso que esperei desta vida!!! Sinto muito por apenas a quem “amo”... Por aqueles que de alguma forma “me ensinaram” e aqueles que muito me aconselharam para que eu “me desse bem”...
Quando desci da sala do especialista, ainda na recepção, fiquei aguardando minha filha amada e minha prima querida voltarem do toalete para voltarmos para casa...
Fiquei aguardando de pé naquela recepção linda com vidros fumê, sofás e plantas... A minha direita uma mulher bonita de “sobretudo” e com um lindo calçado de salto “12”, como aqueles que não uso mais.... Fiquei contemplando-os...
Mal esta mulher poderia imaginar que, naquele momento, seria parte do cenário, de uma história ruim que acabara de começar... E mais uma vez tive uma imensa “saudades”...
Saudades de meus sapatos de salto “12” e
“DE MIM”
ROSILEY FREITAS
24/10/08