LÁGRIMA INCONVENIENTE
NALDOVELHO
Palavras amordaçadas, sufocadas, soterradas;
poemas insurretos, só sobrevivem nos sonhos.
A emoção que se esconde sorrateira entre os dentes,
lágrimas indigentes, represadas, latentes.
Não posso confessar que te amo!
Não devo declarar que te quero!
Não quero mais a dor de um quem sabe?
Pois o meu sangue hoje se arrasta
por vias estreitas, congestionadas,
e pelos capilares já nem passam!
Por força de tantos atritos, conflitos, detritos...
Se eu insistir: enfarto!
Melhor colar em meus lábios um sorriso,
um que seja bastante convincente,
mas não a ponto de ser contundente,
senão pode soar falso aos descrentes
que vivem a buscar um sinal de fraqueza
que possa me denunciar.
Deixe que permaneçam desatentos,
não devo demonstrar meu desalento,
não posso mais dar asas à incerteza,
ainda que a tua imagem assombre
os meus mais íntimos desejos,
pois na cabeceira da minha cama
permanece o teu retrato.
Continuo um romântico,
só que não mais um confesso,
pois o amor que eu ainda professo
a ninguém posso revelar.
Enquanto isso, qualquer lágrima será vadia,
indigente e inconveniente,
de preferência chorada no chuveiro
que é para ninguém notar.
NALDOVELHO
Palavras amordaçadas, sufocadas, soterradas;
poemas insurretos, só sobrevivem nos sonhos.
A emoção que se esconde sorrateira entre os dentes,
lágrimas indigentes, represadas, latentes.
Não posso confessar que te amo!
Não devo declarar que te quero!
Não quero mais a dor de um quem sabe?
Pois o meu sangue hoje se arrasta
por vias estreitas, congestionadas,
e pelos capilares já nem passam!
Por força de tantos atritos, conflitos, detritos...
Se eu insistir: enfarto!
Melhor colar em meus lábios um sorriso,
um que seja bastante convincente,
mas não a ponto de ser contundente,
senão pode soar falso aos descrentes
que vivem a buscar um sinal de fraqueza
que possa me denunciar.
Deixe que permaneçam desatentos,
não devo demonstrar meu desalento,
não posso mais dar asas à incerteza,
ainda que a tua imagem assombre
os meus mais íntimos desejos,
pois na cabeceira da minha cama
permanece o teu retrato.
Continuo um romântico,
só que não mais um confesso,
pois o amor que eu ainda professo
a ninguém posso revelar.
Enquanto isso, qualquer lágrima será vadia,
indigente e inconveniente,
de preferência chorada no chuveiro
que é para ninguém notar.