Um sentido perfeito
Eu busquei no espaço a continuidade
precisa para tentar descrever,
colorir uma nostalgia.
Desenhei no rascunho de páginas
passadas o retrato de uma
fuga impressa na solicitude dos tempos.
No vácuo da resistência fui
capaz de preencher a eterna
vontade de viver, jamais querer renunciar.
Igualar-me na mínima essência
de sentir e poder criar.
Fui capaz de tornar-me parte
íntegra a um sonho avulso
e como um pássaro em terras
desconhecidas pousei.
Fui flor num só canteiro de
amor e nele padeci.
As chuvas de inverno trouxeram-me
a inconstância das coisas e
com isso acomodou-se a neutra esperança.
Segui o contorno das montanhas
no horizonte e transpassei cada nuvem
a passear pelo céu. Meu sorriso anuviou-se
durante uma de minhas partidas , passagens
ausentes no tocar. As estrelas respingavam raios
cintilantes e dos meus olhos
apenas apareceram as primeiras marcas de dor.
Busquei um sentido perfeito na
simplicidade de querer doar um
pouco de afeto , receber em troca
a felicidade de um puro adeus
incontido num aperto de mãos.
Com isso foi-se embora minha juventude.
Os anos passaram-se e apenas
deixaram como lembranças
as velhas cicatrizes. E eu envelheci...