SAUDADE DE AURORA

O meu ser trava uma batalha
e nunca consigo uma melhora,
por esse mal que não se espalha
que ao invés de sarar piora.
E minha mente tanto trabalha
mas o coração não ve e ignora,
tentando vencer essa muralha
a imensa saudade de Aurora.

Minha mente quase embaralha
quando me lembro da senhora,
e como o corte de uma navalha
maldita dor que sinto agora.
As vezes sinto me um canalha,
por te la deixado ir embora,
hoje sinto a dor da mortalha
sentindo saudades de outrora.

O que todo momento metralha
e tristeza que comigo mora,
não tem como tapar com toalha
meu corpo de sentimento chora.
E como o artesão que entalha
o que essa lembrança me explora,
solitário como o voar da gralha
mesmo que pagasse não há penhora.

Carrego no ombro essa cangalha
que tem a mesma dor da catapora,
e como o corroer de uma limalha
e como a ferida de uma espora.
Queria que escorresse pela calha
que fosse tão doce como uma amora,
que fosse macia como uma malha
toda essa saudade de Aurora.

GIL DE OLIVE
Enviado por GIL DE OLIVE em 15/05/2009
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