Quando a saudade vier...
Quando a saudade vier, com lembranças e em sua porta bater,
Saibas que estou contigo, sou toda a sensibilidade de sua alma,
Sou o raio de sol, a penumbra no seu quarto em alvorada calma,
Sou o desejo, a volúpia, seu íntimo, sou a totalidade do seu ser,
Quando a saudade vier, impiedosa, e trouxer saudades minhas,
E em pensamentos lembrar-se dos primeiros madrigais,
Do anoitecer aos domingos, dos amores, e das antigas festinhas,
Quimeras, bons tempos, que o tempo não me traz mais,
Quando a saudade vier, trazendo lembranças dos tempos passados,
Do romance mais ingênuo, que um dia existiu, deixando maus fados,
Serás companheira em alvoradas de insônia, e em noites fagueiras,
Da sua história, na estrada da vida, serei o pretérito, serei a poeira,
Sou para sempre sua companhia, sou a alegria que rega seu ser,
Sou toda a poesia, toda a calmaria, que te alivia e te faz renascer,
Sou manancial d’água, de vida, do coração a batida, o ar que respira,
Sou sua vida, quem não se olvida, um pobre diabo que por ti suspira,
Quando a saudade vier, em seu pensamento posso ser o que queres,
O “A” ou o “X”, o início ou o fim, e tudo que lhe faça venturosa,
Sou como o sândalo, que perfuma o machado e as mãos que o fere,
Sou um colibri levado, que procura num jardim a mais suntuosa rosa,
Quando a saudade vier, e em seus devaneios de mim se lembrar,
Em meus pensamentos, você eu procuro tentando encontrar,
Sou água de rio, que corre pra sempre, em busca do mar