amores e ódios
Quero o amor possível
O amor solúvel,
afável,
suscetível.
Quero o ódio provável
instável,
reciclável.
Quero o conclave
Debatendo.
Mordendo as palavras,
deglutindo sentidos
E nas pausas intrínsecas do texto
Esmurrar paradoxos
com lógica e metafísica
Quero o amor intangível.
platônico e patético
Aonde a pele é o céu
Aonde o prazer está no horizonte
E, a dar, de volta se dar e, se encontrar
nos revelando a todo instante
a enorme solidão
que há nisso tudo...
Quero a cama forrada de branco,
Os punhos forrados de branco,
Branco que ainda estará tingindo a memória
do caos devastador da infância
do caos cansativo da velhice.
quero a voz grave e dura
a sussurrar para o labirinto
o ritmo o giro,
a dança da semântica
e a epifania das almas.
Quero os violinos
anunciando o fim dos tempos,
a harpa iludindo os deuses
E, fazendo de mortais
heróis eternos.
Quero a flor dentro vaso
a perfumar meu quarto
Meu instante privado e interior
E, nessa flor inteira e esguia
descobrir a força de
transcender a violência e vencer
amores e ódios
outrora desejados.