amores e ódios

Quero o amor possível

O amor solúvel,

afável,

suscetível.

Quero o ódio provável

instável,

reciclável.

Quero o conclave

Debatendo.

Mordendo as palavras,

deglutindo sentidos

E nas pausas intrínsecas do texto

Esmurrar paradoxos

com lógica e metafísica

Quero o amor intangível.

platônico e patético

Aonde a pele é o céu

Aonde o prazer está no horizonte

E, a dar, de volta se dar e, se encontrar

nos revelando a todo instante

a enorme solidão

que há nisso tudo...

Quero a cama forrada de branco,

Os punhos forrados de branco,

Branco que ainda estará tingindo a memória

do caos devastador da infância

do caos cansativo da velhice.

quero a voz grave e dura

a sussurrar para o labirinto

o ritmo o giro,

a dança da semântica

e a epifania das almas.

Quero os violinos

anunciando o fim dos tempos,

a harpa iludindo os deuses

E, fazendo de mortais

heróis eternos.

Quero a flor dentro vaso

a perfumar meu quarto

Meu instante privado e interior

E, nessa flor inteira e esguia

descobrir a força de

transcender a violência e vencer

amores e ódios

outrora desejados.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 03/05/2009
Código do texto: T1574306
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