DOCES TEMPOS DE ANTIGAMENTE...

Gosto dos momentos de paz

Quando, perdida em devaneios

Deixo minha imaginação voar...

Saboreio cada momento,

Faço a mim mesma milhões de perguntas

A maioria delas descabidas,

Sem nexo, sem respostas...

De repente desperto, olho para o lado

Vejo milhões de pessoas nas ruas

Apressadas, em busca de algo

Algo que nem elas sabem o quê...

Ávidas por dinheiro, com fixação pela modernidade

Elas esquecem de viver de verdade!

Nem sequer se lembram que,

Se o ontem foi novidade, hoje já era!

Que o tempo passa depressa demais...

Saio às ruas, onde armadilhas multicoloridas

De um mundo louco feito de neon

Tentam me prender

Onde letras gigantes e insinuantes

Impelem-me a consumir sem parar...

O que será das pessoas nesse mundo pós-moderno?

Acho que viverão, cada vez mais, num inferno!

Pergunto a um velhinho que passa

Sobre os tempos de outrora

Ele diz: "Passou tão depressa...

Nem deu tempo de saborear o gosto!

Olhe... o trem do futuro já desponta no horizonte,

Surge lá na curva, cada vez mais visível

Na curva que demarca o sinal dos tempos,

Vem apressado, lançando furioso sua língua de fogo!

Quer nos engolir, quer a vitória

Como o Tiranossauro Rex, o terror da Pré História!”

Será que as pessoas – seduzidas pela evolução

Não percebem que o ontem será eterno?

Que o passado não volta, mas também não desaparece

Mesmo que a gente finja que esquece?

Mesmo que eu não seja senhora do tempo

Gosto de prendê-lo, às vezes,

Entre as frágeis teias do pensamento;

Adoro espiar através das frestas do passado

Do ontem que se foi

Mas deixou guardado seu encanto,

Rastros que não se apagam.

Encantada, saboreio esses rastros

Como criança de antigamente, raspando doce no fundo do tacho!

Essas lembranças estarão destinadas, dentro de mim, à eternidade...

E ninguém, nem o Tempo, Senhor de tudo

Será capaz de me tirar!