Revisitando o Orvalho (Poema Orvalho)

Volto de novo,

de um jeito emocionado.

Agora, sou vôo rasante pássaro.

Olho de cima,

auspícios de meia-idade.

Vejo-me mesmo assim,

como em sonho,

que sonho, que sou alado.

firmo os olhos

para melhor assistir,

o que ficou como tesouro,

em baú escondido

entre doces cortinas do passado.

Vejo um menino caminhando

indo para escola, e

lembro também dos primeiros raios de sol

que desenhavam fachos de vida no céu...

Lembro dos trilhos do trem

que refletiam como se fossem

duas espadas incandescentes

pareciam beirais celestiais

que nos conduziriam a lugar

certo e seguro...

Lembro ainda do orvalho branco,

luzindo em repouso,

gotículas fulgurantes

como estrelas descomprometidas

sobre as folhas verdes postadas,

brancas e acesas,

fazendo da relva, avenida...

Convidando-nos a passar

em gélidas caminhadas,

Que magicamente, desapareciam,

depois que o sol se manifestasse

mais ardente...

E quando ao sol a pino

eu voltava da escola,

cansado, trôpego, agarrado à sacola, me esquecia do orvalho filigranado,

que das folhas havia decantado,

e em meu rosto suado,

ressurgia...