RETRATOS DO PASSADO
Como eu pude te culpar
Se sequer fui capaz
De agarrar os teus dedos
Quando se afastava.
Em noite como essa
Tudo parece um filme
Latejando as imagens,
Repetindo sem sentido os erros.
Como eu pude me culpar
Se eu corri atrás de ti
Até perder as minhas pernas,
Até temer pela minha vida.
Em madrugada como essa
Tudo parece uma fotografia,
Trazendo uma felicidade empoeirada
Dentro de um envelope pardo sem identificação.
Sonhos como esse parecem perfeitos
Eu com a minha vidinha; você com a sua.
Apenas meros desconhecidos
Sem postais ou lembranças.