ÁTIMO DE SAUDADES
De Regilene Rodrigues Neves
Saudade do ventre
Onde tive sonhos e esperanças
Saudade de nascer
E voltar a ser criança
Sem me preocupar
Se serei feliz um dia
Sem ninguém me cobrar
Pelo que tentei,
Mas não dei conta de ser.
Saudade de sentir saudade
Das coisas que não vivi
De gritar pra vida
Que ainda não desisti!
Saudade do encontro
Que não encontrei
Dos sonhos que não sonhei
Porque a desilusão
Me roubou esta ilusão...
Saudade de andar lá fora
Procurando meu destino
Que em meio a tanto desatino
Virei prisioneira do meu caminho...
Saudade que num pingo d’água escorre
Feito lágrima... Chora tantos sentimentos
Que a saudade aflora...
São saudades
Que vividas ou não vividas
Me lembram que ainda existo
Num frasco que escorre
Seu perfume para trás
Essências do meu eu evaporam
Exalei minha fragrância pelo tempo
Soprei poesia da pele da alma
A folha que descia escrevia
Minha ode no outono
Caíram no chão
Onde pisaram
Quebrando todo encantamento...
Leigos ao sentir meu aroma
Fez um rastro de lembranças...
Quem sabe o vento
Sopre os pedaços das minhas folhas
Para outra estação
Onde elas possam cobrir
Algum coração sobre o inverno
Em noite de solidão...
Sei que pareço triste,
Mas são folhas amaduradas
De saudades de coisas
Roubadas da minha essência
Que às vezes escorrem
Num átimo de tristeza
Nada que me arranque
A alegria da vida
De pertencer a este mundo
De estações ora tristes ora felizes
Que me fazem cair numa folha de outono
E renascer em primaveras...
Sou uma poesia de faces melodiosas
Algumas sopram saudades
De estrofes melancólicas
Outras são lembranças
Que me enchem de esperança
Porque renascem no simples prazer de viver!
Em 26 de abril de 2009