Feito de renúncia

Vou embora,
talvez pelo mesmo caminho que me trouxe aqui.
Tu, ficarás entregue aos meus versos,
em meio as flores que te dei.
Vou embora,
voltarei à algures longínquos
onde os pássaros não cantam.
Tu, ficarás repousada à minha sombra,
entregue aos beijos deixados.
Vou embora,
sou feito de renúncia, sou só e único;
sou um abismo de frustrações.
Tu, és o passo incerto do meu caminhar,
és o fruto de uma vida, de um amor.
Vou embora
como cheguei, não levo nada do tudo que existiu.
Tu, ficarás como te encontrei,
límpida como as virgens,
recostada à imagem do nada,
do tudo que fui, do tudo que fostes.