SAUDADE

SAUDADE

Ah, saudade que me atormenta.

Longe, muito longe,

Ficou atrás, só deixando rastros,

Algumas perceptíveis,

Outras nem visíveis,

Pois foram embora,

Deixando sómente ausências.

Ausências sentidas, desejadas,

Ressuscitadas, que não aparecem,

Por mais que lhes implore,

Nem que sejam breves,

Só um repassar ligeiro,

De coisas que vivi,

E delas tenho tantas saudades.

Moleque travesso, irreverente,

Pisei descalço em tantos caminhos,

Aspirei o perfume das flores nas matas,

Busquei beleza em cantos escondidos,

Águas límpidas de rios encachoeirados,

Onde buscava saciar todas minhas sedes,

Causadas pelas corridas adoidadas.

Um refluir que açoita minha mente saudosa,

Lembranças afoitas que aparecem radiantes,

Pois são gostosas quanto a doçura do mel,

Ao saciar a fome nas frutas silvestres,

No joá espinhento azedinho no sabor,

Na pitanga vermelha que seduzia na doçura,

E o araçá do campo de delicia sem fim.

Lembranças, lembranças, aguçar da mente,

Provoca, se esconde, ameaça aparecer,

Como gostaria que fosse verdade,

Real, constante, sem mesuras, presente,

Mas não, ela se foi, qual vento que açoita,

Folhas caídas do outono que se encerra,

E o inverno é frio nem provoca mais sonhos.

Jairo Valio

17-04-09