MEU POEMA. COMO SOU

Ah!... se eu pudesse

escrever um poema sem rancores,

onde não existisse mágoas,

incúria, dores.

Onde a saudade

fosse feita de uma nuvem espessa,

e o vento a levaria para bem longe.

Meu poema seria lindo!

A mágoa que estou sentindo,

seria um motivo perdulário;

em meu recesso,

haveriam flores.

Minha vida seria um poema.

A lágrima que derramo

se transformaria,

brotaria em algum cântaro.

Meus lábios seriam uma fonte,

moveriam numa cascata de palavras bonitas.

Ah, eu seria enfim um menestrel,

e minha musa, teria meus poemas.

Seus olhos, falariam-me de amor,

sua boca, seria sempre desejada pela minha.

Seu corpo... seria a fonte da pureza deste amor.

Então eu seria feliz.

Mas o mundo é incoerente,

sou tão só quanto a lua;

bebo a saudade sua,

criando imagens, uma vida

para um poema diferente,

sem mágoas, sem saudades, sem a maldita solidão.

Mas, caio na realidade, com alma vencida.