"2046" (Reflexo fílmico 6.)

Explica um comentarista ( http://cinema.terra.com.br/ficha/0,,TIC-OI5708-MNfilmes,00.html ) que no filme '2046' «Todas as lembranças são úmidas:

»O escritor vive em um flat em Hong Kong em 1966, um ano antes dos distúrbios contra as autoridades britânicas de então, e a maior parte do filme discorre sobre os próximos três anos naquele prédio.

»É um homem carismático, que tem muitas mulheres e a quem trata com uma leviandade casual, que beira o desprezo. Mas sua principal obsessão é com as ocupantes do quarto 2046.

»A primeira é Bai Ling (Zhang). Ela se envolve em um tórrido romance com o escritor. Quando o ardor dele diminui, Bai Ling fica devastada, porque havia se apaixonado por ele. Ela termina abandonando o flat.

»O senhorio então instala sua filha (Wong) no apartamento. Ela está apaixonada demais por seu namorado japonês (Takuya) para querer mais do que apenas amizade com o escritor. Ele a deseja claramente, mas é difícil medir o quão triste ele está, já que é uma presença em grande parte meditativa no filme.

»Algumas vezes o filme muda de lugar para mostrar outras ligações com personagens interpretados por Gong e Carina Lau Ka Ling. Todas terminam em lágrimas e indelicadezas, mas dada a superficialidade dos personagens — as mulheres são mais invenções amorosas do que personagens de carne e osso — nada consegue trazer o público para a vida deles. Nada obtém o interesse do espectador, além da beleza e do mistério.

»O tema aqui parece ser o da memória, de como as pessoas insistem no passado sem chegar a obter nenhuma resolução ou desfecho.

»Mas o diálogo afetado e a linha narrativa estagnada atrapalham o enredo. Comentários sobrepostos, como o que "todas as lembranças são úmidas", também em nada ajudam. O que isso significa?

»A equipe técnica de Wong, filmando em várias cidades asiáticas, cria um clima surpreendente, que fica entre o romance e a melancolia. Infelizmente, o diretor é incapaz de tirar vantagem da sua equipe de primeira.»

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"Todas as lembranças são úmidas"?

Não sei... As minhas, sim,

por navegarem águas de confusão:

desejos frustrados, dores inconclusas,

tremores febris, saudades perdidas

e ainda mais.

E lá, no fundo, submersa, a ternura

do amor desconseguido, a preguiça

de amores iniciados e o prazer

descontraído do que foi e já quase

nem pode ser, só sentido entre as brumas

mágicas, feiticeiras da lembrança!