ADEUS
Num instante de paixões cinzentas,
abro os olhos para não ver tua face cobrir meu semblante.
Tua sombra na noite
é profecia de poetas calejados de palavras.
É metáfora de amores perdidos
Ou mesmo amores de tempos inexistentes,
porque ser poeta é procurar ilusões
para sofrer uma dor oculta a teus olhos.
Nas madrugadas infinitas
vejo o sereno embaçar os vidros e as vidas vagantes.
E nos meus pensamentos de cigano
abro o passado em pegadas lentas
e volto a habitar o coração
de quem me disse adeus.
Meus sentimentos nômades
viajam na madrugada que não se acaba.
Ele busca um reflexo num espelho quebrado.
Ele procura suas emoções
que se vai com a manhã que nunca chega.
A noite inspira medo.
O medo assola minha fraqueza
que se sacia com saudades e canções.
Mas o que eu quero agora é dormir.
Os sonhos aliviam o sofrimento estagnado nas lembranças
e as lembranças se confundem
com uma fantasia americana.
Quero dormir para esquecer-me
por um instante o equilíbrio.
Quero dormir o meu medo...
A minha fraqueza...
Dormir o desejo do teu olhar
para não acordar em lágrimas.
Quero um sono profundo
para não dizer adeus.
Fabio Ferreira
fabiorusso7@hotmail.com