POEMA QUASE DIFERENTE
Eu queria escrever um poema,
que fosse bem diferente.
Que falasse da nova lua,
do foguete espacial, de discos voadores.
Que não fosse água com açúcar.
Que não falasse de meus amores.
Um poema que traduzisse o mundo atual.
Que em vez de flores,
eu falasse em substâncias químicas.
Em vez de coração,
eu falasse em transplante.
A musa teria os cabelos de nebulosas.
E eu era apaixonado por ela.
Mas ela se foi.
Talvez para outro planeta.
E eu fiquei só, irremediavelmente só.
Tão vazio que acho até incoerente...
eu pensar que poderia fazer um poema diferente,
sem lembrar que ela existe.