PASSADO DANADO !

Ah...passado danado !

Mas foi danado de bom !

Como eu tenho me lembrado,

Dessa boa ocasião.

Lembro-me ainda moleque,

Bricadeiras de montão,

Não conhecia pileque,

Mas jogava bem pião.

Na bola de gude era um craque,

Fazia birocas no chão,

Lia o gibi do Mandrake,

Brincava de caminhão.

Chamava as menininhas,

Para brincar de casinha,

Afeminado, era não !

Queria brincar de doutor,

Aproveitava a ocasião,

E sem agir com pudor...

Só desejava apalpar

O corpo, em algum lugar...

Nesse tempo de moleque,

Doce era pé-de-moleque,

Ou creme de padaria,

Não existia Kibon,

Era da sorveteria...

E que sorvetinho bom !

De Pique ou Barata, brincava

E muitos dos nossos brinquedos

A gente que fabricava,

De madeira, os torpedos,

Revólveres ou espadas.

A roupa era um calção,

Sem camisa e ficava,

Sempre de pé no chão,

Calça e camisa usava,

Em festa ou procissão.

Nas ruas, jogava pelada,

Com bola feita de meia,

Traves de pedras lascadas,

Os riscos feitos na areia.

Ô tempo bom, minha gente !

É só cutucar a mente,

Vem lembranças tão legais,

Pena não voltar mais !

Auro.