VAZIO SUSTENTÁVEL
(Sócrates Di Lima)
Todos os lugares ocupados.
O corpo, a alma e o coração.,
Nada se encontra desocupados,
Tudo está repleto de satisfação.
Quando um corpo está ocupado,
Nada pode desocupá-lo,
Nem mesmo um outro corpo abençoado,
Faz o corpo ocupado desvia-lo.
E quando a alma está satisfeita,
Nenhum aventureiro desembarca.,
Só há um sentido para deixá-la repleta,
O sentido que o amor por merecimento acata.
E o coração quando repleto de amor,
Não tem olhos para outro coração.,
Ele sabe dar o seu devido valor,
Ao coração que o recebeu em comunhão.
E desta forma, não existe nenhum vazio.
No corpo, na alma e no coração,
Mesmo sozinhos não sentirão nenhum frio,
Ainda que, o inverso seja a única estação.
Mas, sobretudo, há um espaço vazio diante do olhar,
Entre um corpo e outro corpo separado.,
Mesmo que esta distância fugaz não possa mensurar,
O vazio faz sentido e não pode ser ignorado.
Mas, não é um vazio que causa tormento,
É um vazio até aceitável de verdade.,
Pois, a distância diminui com o pensamento,
Quando se pensam no outro com saudade.
E pensando nela meu coração transborda,
Do sentimento que mais me encanta.,
É o sentimento que pinta e borda.,
Fazendo da saudade um sentir que não me espanta.
Mas quando pinta o vazio sustentável da distância,
A vontade de ter asas é o maior desejo.,
Esta distância se torna curta pela circunstância,
Da vontade insuperável de sentir dela o beijo.