INOCÊNCIA
Naquele tempo a alegria
tinha a pressa dos outonos
bem-me-quer na primavera
A vida acontecia
feito a roupa encurtando
e o dente que caia
O pai trabalhava o pão
A mãe costurava a vida
Na mesa rareava o doce
dos olhos pingava mel
No céu sem lua vagava
a carruagem das estrelas
Em cada nuvem perdida
o velho Deus cofiava a barba
Carneiros rezavam
Belzebu fugia de medo
Havia o colo se chorasse o mundo
E havia a volta quando alguém partia.