Saudade Caipira
Ah, que saudade me dá,
Da casa pequenina ao pé da serra,
Do pomar, do arvoredo,
Do engenho e da moenda,
Do doce açúcar da infância,
Da calma da pescaria,
Do pitu mariscado no ribeiro,
Do milho assado nas brasas,
Do velho fogão de lenha.
Ah que saudade que tenho,
Da verdejante campina,
Do velho cavalo zaino,
Das sombras dos laranjais,
Do rancho, descanso na roça,
Do sapé e da palhoça,
Da reza, do café pilado,
Do terreiro e das festanças,
Dos meus idos de criança.
Ah que saudade que eu sinto,
Da comida e do tempero,
Do maracujá colhido na mata,
Da simplicidade no falar,
Das histórias de assombração,
Da velha sanfona encantada,
Dos fogos de artifícios,
Das noites de São João,
A que saudade que tenho,
Do meu tempo de menino,
Em que matuto pequenino,
Tinha minh’alma pura,
Qual anjo, qual serafim.