ENTRE SONHOS

Entre roupas, ficamos entre roupas.

Nus, ficamos entre pêlos.

Roupas soltas pelo corpo,

amor desprendido pelas epidermes.

Loucos ficamos entre o amor,

perdidos fomos pelas horas.

Entre roupas, entre sonhos,

ficamos pela noite.

Entre nós a vida,

entre a vida, o amanhã.

E entre formas de passagens,

de idas, de acenos, fui embora.

Lá fora o tempo se fazia vencido,

entre as paredes nada seria esquecido.

O tempo se escoa, me ignora,

você se faz, se despe em sonolência virtude,

o tempo a ignora.

Hoje, lamento em distância,

queria vê-la, tê-la novamente,

mas, entre roupas, apenas entre roupas,

sem ter que ir embora, até que o tempo vencido,

ficando entre roupas

e nós entre pêlos, nus, entre nós,

somente... entre nós.