A ESPADA DO PASSADO
Não tenho muito apego por acontecimentos pretendidos;
Mas pelos bons momentos já vividos sigo ligado;
Em cada instante relembrado, o meu passado investigo;
A fim de me comparar comigo, se estou pior ou tenho melhorado!
Relembro a ponte sobre os traumas de infância e a cristandade adolescente;
E aquele mundo totalmente diferente de tudo que me originou;
Onde meu jovem coração se alegrou e meu destino alterou completamente;
O corpo regido pela fé na mente, certeza no Deus que amorosamente me amparou!
Aqueles dias me aliviaram e levaram paz ao meu lar em guerras;
Já não andava sobre esferas, pois prosseguia para o alto;
De tanto entendimento ainda era falto, ainda enfrentaria tantas feras;
Mas no meu mundo de quimeras, me achava pronto para todo sobressalto!
Saudades me massacram das inesquecíveis escolas dominicais;
Dos retiros espirituais, da alegria no louvor;
Gente alquebrada restaurada pelo amor, e os nossos festivais;
Era o melhor dos arraiais, aquele que o passado me furtou!
Sinto saudades da empolgada voz pregadora;
Daquela alma pura e sonhadora, que não temia o que viria;
Eu não sabia que tanta alegria haveria de ser tão pouco duradoura;
E que a saudade vindoura, no açoite das recordações me castigaria!
Diante do espelho um outro homem agora existe;
Do meu passo só resiste um vendaval de lembranças juvenis;
Naqueles dias eu sempre quis não me tornar uma alma triste;
Mas quando o verão de nós desiste, tornamo-nos invernos febris!
Porém, que nesse inverno ainda brinque a minha primavera;
Que eu me reencontre no que era e me refaça nos retalhos meus;
Pois o melhor de mim não se perdeu, o meu sorriso não se encerra;
A minha fé ainda se esmera e serve inabalada ao mesmo Deus!