A ESPADA DO PASSADO

Não tenho muito apego por acontecimentos pretendidos;

Mas pelos bons momentos já vividos sigo ligado;

Em cada instante relembrado, o meu passado investigo;

A fim de me comparar comigo, se estou pior ou tenho melhorado!

Relembro a ponte sobre os traumas de infância e a cristandade adolescente;

E aquele mundo totalmente diferente de tudo que me originou;

Onde meu jovem coração se alegrou e meu destino alterou completamente;

O corpo regido pela fé na mente, certeza no Deus que amorosamente me amparou!

Aqueles dias me aliviaram e levaram paz ao meu lar em guerras;

Já não andava sobre esferas, pois prosseguia para o alto;

De tanto entendimento ainda era falto, ainda enfrentaria tantas feras;

Mas no meu mundo de quimeras, me achava pronto para todo sobressalto!

Saudades me massacram das inesquecíveis escolas dominicais;

Dos retiros espirituais, da alegria no louvor;

Gente alquebrada restaurada pelo amor, e os nossos festivais;

Era o melhor dos arraiais, aquele que o passado me furtou!

Sinto saudades da empolgada voz pregadora;

Daquela alma pura e sonhadora, que não temia o que viria;

Eu não sabia que tanta alegria haveria de ser tão pouco duradoura;

E que a saudade vindoura, no açoite das recordações me castigaria!

Diante do espelho um outro homem agora existe;

Do meu passo só resiste um vendaval de lembranças juvenis;

Naqueles dias eu sempre quis não me tornar uma alma triste;

Mas quando o verão de nós desiste, tornamo-nos invernos febris!

Porém, que nesse inverno ainda brinque a minha primavera;

Que eu me reencontre no que era e me refaça nos retalhos meus;

Pois o melhor de mim não se perdeu, o meu sorriso não se encerra;

A minha fé ainda se esmera e serve inabalada ao mesmo Deus!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 23/02/2009
Código do texto: T1453624
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