POEMAS PROFANOS: Garganta em flor...

Tânia Souza (com apelido que também leva um bom amigo meu, galego) dedicou um comentário delicioso (todo um poema em prosa) ao texto «Confidências... Biográficas? (81): Como te despedir?»(T1415371) em 19/02/2009. Diz:

«Garganta embargada daquelas amadas palavras que não se pode conjugar... Murmuram ainda os resquícios de sílabas e amor, e não se arrancam da pele fonemas tatuados na infância da língua.. em caleidoscópicas sementes, bradam e ficam.»

Agora eu vou profaná-lo por meio de uma prosa em verso. Que a poeta e as musas me perdoem:

Garganta de amor em suspiros

e sussurros e frases só segregadas:

Interrompidas sílabas sem forma,

como silêncios estridentes torturados,

como bater de mãos em ondas tristes

no mar raivoso das agonias, iniciadas

e nunca acabadas, sempre em pé

-árvores de Humanidade com futuro,

luminosas, carregadas de estrelas

verdejantes, proféticas e vitais...

Caleidoscópicas como Carnaval,

como Entrudo florido, em que todos

recobramos a máscara desnuda

que nos pertence e nos faz.

Alguns afirmam que os berros

humanos de raiva e dor e angústia

apenas são fonemas sem sentido:

Miseráveis! Desumanos! Ignorantes!