Escolha

Tanta coisa deixei no fundo da mala ,
            -até por querer -
mas esqueci-me de deixar esta sensação de ser só.
Ah, meu caminho, muda esta direção
e segue aquele vento encantado.
Leva-me às terras esquecidas
de poéticas auroras,
de entardeceres envelhecidos,
mas de perspectivas apoteóticas.
Deixa-me, agora, com ares de poeta,
entregue à paz das horas semi-mortas,
quando floresce a luz ,
para que se refaçam os sonhos.
Depois, sim, para sempre irrequieta
e, seduzida pelas estrelas,
 poderei rir com as crianças da rua,
mexer com o coração dos homens,
mostrar-lhes o amor e o tédio,
orientar-lhes a escolha.
Quero ser capaz
de resgatar o apreço aos ideais,
de reviver os compromissos,
de recriar os temporais.
Quero ver, com novos olhos, o mundo e ser feliz
e abraçar todas as dores num afago tão morno 
que elas - num vislumbre de esperança -
transformar-se-ão em bonança.
Quero chorar o pranto dos meus amigos,
ser o bálsamo, o eterno azul.
Tentar ser o abrigo, o porto-seguro, a hora certa.
Ah, meu caminho!
Só nunca me leves ao abandono.
Não!
Nunca mais o abandono!
Meu coração é moleque
e prefere explodir emoções
a ter que, apenas,
pulsar,
pulsar,
pulsar,
...
Flávia Melo
Enviado por Flávia Melo em 21/02/2009
Reeditado em 02/03/2009
Código do texto: T1450263