O Cristal Quebrado da Realidade
Neste canto eu gostaria
De celebrar a nostalgia
Mas que covardia seria
Ante a velhice que já se inicia
Celebrar todo dia
O que na infancia se fazia com tanta alegria?
Por isso não, não celebrarei a nostalgia.
Celebrarei a Morte
Que por todos é temida por ser forte
E é unânime a sentença da sua côrte
Mas após executada a pena
Vê-se a indefectível cena
De um réu subjulgado à própria sorte
Por isso não, não celebrarei a morte.
Celebrarei o tempo presente, que embora diferente
Serve ao efêmero e ao custo fielmente
E fecha os olhos, não vendo o bom velhinho excluindo o carente.
Apesar de não ser o que temos em mente
E de ninguém parecer contente
Celebraremos, ainda que tristes
O presente que é tempo presente.