O Cristal Quebrado da Realidade

Neste canto eu gostaria

De celebrar a nostalgia

Mas que covardia seria

Ante a velhice que já se inicia

Celebrar todo dia

O que na infancia se fazia com tanta alegria?

Por isso não, não celebrarei a nostalgia.

Celebrarei a Morte

Que por todos é temida por ser forte

E é unânime a sentença da sua côrte

Mas após executada a pena

Vê-se a indefectível cena

De um réu subjulgado à própria sorte

Por isso não, não celebrarei a morte.

Celebrarei o tempo presente, que embora diferente

Serve ao efêmero e ao custo fielmente

E fecha os olhos, não vendo o bom velhinho excluindo o carente.

Apesar de não ser o que temos em mente

E de ninguém parecer contente

Celebraremos, ainda que tristes

O presente que é tempo presente.

PIERRUT
Enviado por PIERRUT em 20/02/2009
Reeditado em 12/03/2014
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