Revendo o Torrão Natal
Homenagem à Cuiabá
Para rever-te aqui me encontro agora,
Sedento por pisar os teus caminhos,
Aqueles mesmos que eu trilhei outrora,
Calcando flores, sem sentir espinhos...
É o mesmo o céu, o mesmo é o lindo rio,
A mesma gente hospitaleira e amiga,
O mesmo bosque secular, sombrio,
A mesma igreja branca e tão antiga...
Contudo, já não é a mesma a rua,
A mesma casa onde me vi criança,
Pois, a modéstia para além recua,
Quando o progresso, intemerato, avança...
Estás mais linda e graciosa agora!...
As centenárias casas vão sumindo
E em seu lugar, onde o passado chora,
Arranha-céus, enormes, vão subindo!...
Tu és feliz, cidade dos meus sonhos...
Os anos para ti trazem mais vida,
mais esplendor e dias mais risonhos,
Tornando-te mais moça e mais querida...
Em mim grisalhos os cabelos tornam,
Vincos profundos em meu rosto rasgam...
Manhãs em noite escura eles transformam
E a chama da esperança em mim apagam...
Em mim o sêmen da amargura lançam,
Destroem sonhos, ilusões sufocam,
Sorrisos no meu triste rosto estancam
E a derrocada no meu ser provocam...
O meu viver são sombras que se agitam...
São ecos que se perdem... São dispersos
Sonhos... Saudades que bailando ficam,
Vestindo a fantasia dos meus versos.
Junho de 1961.
Foto: Edir Pina de Barros
Bairro do Porto - Cuiabá (MT)
Homenagem à Cuiabá
Para rever-te aqui me encontro agora,
Sedento por pisar os teus caminhos,
Aqueles mesmos que eu trilhei outrora,
Calcando flores, sem sentir espinhos...
É o mesmo o céu, o mesmo é o lindo rio,
A mesma gente hospitaleira e amiga,
O mesmo bosque secular, sombrio,
A mesma igreja branca e tão antiga...
Contudo, já não é a mesma a rua,
A mesma casa onde me vi criança,
Pois, a modéstia para além recua,
Quando o progresso, intemerato, avança...
Estás mais linda e graciosa agora!...
As centenárias casas vão sumindo
E em seu lugar, onde o passado chora,
Arranha-céus, enormes, vão subindo!...
Tu és feliz, cidade dos meus sonhos...
Os anos para ti trazem mais vida,
mais esplendor e dias mais risonhos,
Tornando-te mais moça e mais querida...
Em mim grisalhos os cabelos tornam,
Vincos profundos em meu rosto rasgam...
Manhãs em noite escura eles transformam
E a chama da esperança em mim apagam...
Em mim o sêmen da amargura lançam,
Destroem sonhos, ilusões sufocam,
Sorrisos no meu triste rosto estancam
E a derrocada no meu ser provocam...
O meu viver são sombras que se agitam...
São ecos que se perdem... São dispersos
Sonhos... Saudades que bailando ficam,
Vestindo a fantasia dos meus versos.
Junho de 1961.
Foto: Edir Pina de Barros
Bairro do Porto - Cuiabá (MT)