METAL E CRISTAIS
Eram feitas de pedras as paredes... frias.
De bronze foram os despojos deixados... vagos.
A honra toda modelada em cristais... manchada.
A vida ergueu-se em paredes, frio,
abstrato, objeto infecto sem poderes,
sem peças fundamentais de existência;
fantoches dominados pelo nada...
sem idealismos, sem buscas, frustrados
em seus tocantes e irreversíveis métodos.
Despojos, restos, matéria podre,
cobiçada em sonantes e febris desejos;
posse angustiante daqueles que fertilizam,
que cultivam a ganância.
Mas, em busca de quê, qual a razão?...
Senão a mais torpe das rapinas.
Cristais, sim, foram de cristais
a honra, a dignidade, a fragilidade,
a hipotética existência perdida vagamente.
Vida de pedra fria,
de bronze, metal bruto,
de cristais em estilhaços...
sem ao menos sequer, deixar uma gota
de uma leve e melancólica saudade.