ODE À PRIMA

Quem não teve uma prima

Que de encantos fez-se tanta

E não versejou na rima

Uma trova na garganta?

Não rimou! – ponderarias

Ao gaiato que se vinha

Se seu verso não continha

A regência das porfias.

-Se com rima ou sem rima,

Respondia o desafeto,

-Sou da rima analfabeto

Mesmo assim papei tua prima.

Era grave a ofensa

E tão densa era a luta

A prima não é uma fruta

Que de rimas se dispensa.

Redondilhas, que se prime

Às trovas à nossa prima

Que ninguém se aproxime

Sem que o verso haja rima.

Quem não teve uma delas

Tão imersa em desejos

E guardou todos os beijos

Por que a rima não foi bela?

Belos idos da infância

No despertar das malícias

Na carência de carícias

Era a prima nossa ânsia.

Vilmar Daufenbach
Enviado por Vilmar Daufenbach em 18/02/2009
Reeditado em 27/02/2009
Código do texto: T1446065