ODE À PRIMA
Quem não teve uma prima
Que de encantos fez-se tanta
E não versejou na rima
Uma trova na garganta?
Não rimou! – ponderarias
Ao gaiato que se vinha
Se seu verso não continha
A regência das porfias.
-Se com rima ou sem rima,
Respondia o desafeto,
-Sou da rima analfabeto
Mesmo assim papei tua prima.
Era grave a ofensa
E tão densa era a luta
A prima não é uma fruta
Que de rimas se dispensa.
Redondilhas, que se prime
Às trovas à nossa prima
Que ninguém se aproxime
Sem que o verso haja rima.
Quem não teve uma delas
Tão imersa em desejos
E guardou todos os beijos
Por que a rima não foi bela?
Belos idos da infância
No despertar das malícias
Na carência de carícias
Era a prima nossa ânsia.