AURORAS
AURORAS
Um tímido sol avança
Pela janela do dia
E uma dolente melodia
Fala-me de lembranças.
Diz que a saudade é rancor
Que dores são os efeitos
Dos atos e preconceitos
Vividos em desamor.
Mas por que na aurora
Vem-me a melancolia?
Por que arruinar meu dia
Uma canção de outrora?
Sem ouvir o estribilho
Vago no verso primeiro
Onde me encontro inteiro
Que canto e nele me ilho.
Não me encanta o arrebol
Nem essa música ouvir
Era n’aura morta do sol
Que ela vinha me iludir.
Lembra a sorte furtiva
Que ela me prometia
Mas, sentindo-se cativa,
Pelas auroras fugia.