SAUDADE
SAUDADE
No limiar
de uma saudade vindoura,
que antecede sempre,
antes das nossas despedidas,
meio desesperada
olho-te nos olhos,
com minhas mãos, tão nuas,
balbucio, medrosa e triste:
Vou sentir saudades tuas...
No ardente querer,
dos espaços vazios de amor,
só de esperanças preencher,
procuras palavras fatais,
não uma frase à toa,
para este medo de dor,
depressa de mim se afastar.
E, confiante, me dizes:
Transforma tudo! transforma,
esta saudade numa coisa boa!...
Passo a passo
eu vejo-te afastar.
E pouco a pouco,
o calor dos teus afagos
dissiparem-se do meu ser,
e transformar num inverno
de saudades, o seu lugar...
Essa ausência louca e infinda,
querendo meu peito torturar,
Faz-me ver a tua imagem,
como um ponto luminoso
diante do meu olhar,
a despertar ternuras
jamais esquecidas,
e nas lembranças
de tantas coisas boas,
fazer tudo mudar!...