FALÊNCIA

Cadê as uvas cultivadas

No imaginário da poesia

As adegas frequentadas

Pela nossa fantasia?

As távolas retintas

Por néctares enobrecidos

De cujas castas tintas

Nossos bacos foram ungidos?

Cadê as vazas abertas

Duma vindima reservada,

As poesias não concretas

Nas tabernas recitadas?

Onde andam as nossas taças

Tiritando às nossas causas,

Por que andam tão escassas

Nossas verves, ora em pausa?

Já me amarga o tira-gosto

Que degusto insistente

Mais parece com o mosto

Inda em fase efervescente.

Nossas tinas ressequidas

Pelo tempo em desuso

Exalam à borra apodrecida

E nossos faros são confusos...

Onde andas entabernada

Em qual barril te conservas?

Nossa vindima é quase nada

Sem produto e sem reservas...

Aonde vou sem parceria

Nessa colheita sem castas?

Sem néctares, sem poesias...

E da adega tu te afastas?

Veja amiga - o inverno aí vem!

E nossas taças estão vazias

Os versos, vazios também!

Secou o vinho e a poesia...

Vilmar Daufenbach
Enviado por Vilmar Daufenbach em 16/01/2009
Código do texto: T1388432