ESTRELA GURIA

Por onde andavas, não sei.

Sei que via teus olhos em cada anoitecer

Piscando promessas.

Sei que andavas por lá, entre Saturno e Mercúrio

Brincando de contrariedades.

Revia neles teus anéis de fantasia,

Frios, voláteis, incompreensíveis...

E por vezes, um presumível fogo mercurial.

Na distância cósmica do tempo,

Onde ficou teu jeito de ser menina

Dormiu meu jeito menino de gostar de ti.

Amar? Não sabia o que era,

Mas no meu modo de gostar, ah, como gostei!

Quindins tinham o gosto imaginário do teu jeito;

Bebia teu sorriso no caldo de cana fresco

Em tardes de suor inocente,

E navegava nos sonhos que, acho, sonhavas,

Distantes, procurantes e, por certo, sem mim.

Por onde andavas... Não sei.

Por onde andas... Sei.

Vejo-te em cada anoitecer vestida de Dalva,

Piscante e anunciando promessas.

Promessas que não prometeste

Mas juro que as ouvi.

Estás lá, eu sei, vestida de brilhos e eu te peço:

Não venhas. Melhor viveres no sonho juvenil

Arrebatado, apaixonado, impossível.

Melhor pensar em ti como uma estrela-guria.

Nunca candente, jamais cadente; sempre distante.

E como toda estrela, fria.

jair portela
Enviado por jair portela em 13/01/2009
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