SAUDADES DA BAHIA
Corre entre os meus dedos :
paixões esquecidas,
dores vencidas,
lembranças doídas.
Nada pára se não for para ficar,
nada fica se não puder acrescentar.
Tudo que permanece dentro de mim
tem a cor da beleza de algum lugar.
Lembro das noites estreladas,
coqueiros erguidos para o céu.
Mãos de um violeiro
voz de tantos cantadores.
Penso no barulho das ondas
suas espumas descansando.
Enquanto ríamos do nada
criando sonoras gargalhadas.
Tudo me parece que parou.
Parou o tempo,
congelaram-se as noites.
Nada mudou em meu pensamento.
Momentos de estranha presença
mas vivido há tantos anos atrás.
Não são lembranças, passado.
São escritos permanentes, diários.
Lembro dos meus risos adolescentes
da roda de amigos, do luar.
Lembro das músicas cantadas
dos versos, das rimas e das melodias.
Congelaram se as lembranças,
vívidas realidades.
Onde estão todos?
Ficaram parados na juventude?
Corro, vou conferir se ainda estão lá!
Vazio. Restam apenas o mar e os coqueiros.
Eles se foram, cresceram, casaram, mudaram.
Eu também parti, será que me despedi?
Assim olhando o mar
rola na minha face uma lágrima.
Onde foi parar a minha história?
Por que me ausentei tanto tempo?
Revejo minha agenda telefônica,
busco anotações antigas.
Ligo para a Ana e quando digo quem é
ela me recebe com o mesmo riso.
Ás vezes o tempo se congela
mais ainda assim ele passa.
No peito ficam pessoas
que jamais deixarei de amar.
Saudades...Saudades...saudades de amar , mar e amar.