Velho Amado ( Meu pai merece)

AMADO VELHO

De repente, não mais que de repente

A voz emudeceu....

A garganta seca travou-se

O silêncio zombou insano

O vento aquietou-se

E a rolagem automática do filme

Desenhou-se em minha mente

De repente, não mais que de repente

Uma casinha branca, abandonada

Com paredes, hoje descascadas pelo tempo

Surgiu um tanto quanto deformada

Na tela que a lembrança exibia

Sarcástica no seu teor abrangente

Ditando as regras da história imortal

De repente, não mais que de repente

Uma cadeira de balanço toma forma

Numa varanda de alpendre singelo

Onde um velho com cãs, brancas como neve

Divertia-se com revistas e jornais

Ouvindo num radinho de pilha

O locutor com as notícias locais

De repente, não mais que de repente

O dia fez-se noite sem luar

O esboço na memória rabiscado

Desfaz-se na retina da alma

Voltando veloz a saudade traiçoeira

Onde o personagem tão querido e amado

Beija hoje meus cabelos,

nas asas estonteantes do vento.

Norma Bárbara

Norma Bárbara
Enviado por Norma Bárbara em 03/01/2009
Código do texto: T1365122
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