BALADA DE UM SONHADOR
(Sócrates Di LIma)
Quando um dia no principiar de uma manhã,
O sol nasceu ardente, como sal picante.,
Minha mãe olhou para o céu a disse:
- Meu filho, um dia tu há de voltar.
Desci a ladeira abaixo.,
Olhei para o céu azulado.,
E no fim da linha do horizonte.,
O sol me dizia:
- Eu te protegerei enquanto estiveres por lá.
Olhei ao longe para minha mãe.,
E senti que lágrima dos seus olhos
Rolaram.
Vi no seu sorriso meio triste
Meio conformado.,
Um breve adeus a me desejar.
Agarrei-me aos cabelos
Da brisa que passava,
Às costas a minha velha viola.,
E desci ás águas do mar.
Eu vim lá da Bahia.,
E não sei quando voltar.
Senhor do céu me proteja.,
No meu caminho a seguir.,
Será uma dura peleja,
Mas, meu Deus, devia vir.
Mãezinha lá atrás ficou.,
E meu caminho segui.
Nas asas do vento alado.,
Me perdoa mãezinha,
Tive que vir.
Na bagagem farta ilusão,
Na cabeça minha nova canção.,
Vim mostrar aqui,
Para quem quiser ouvir.,
O que eu tenho para contar e cantar.
Deus, quando deixei o norte.,
Pude sentir minha sorte,
Na palma da minha mão.
E quem sabe um dia a morte.,
Me fará voltar para o norte,
E no colo de minha mãezinha.,
Faze-la ouvir canção que aqui ninguém quis ouvir.