ESPARSOS CAMINHOS



Onde andas, ó vento? 
Ainda ouço teus passos musicais
de um tempo que não volta mais.
Uma lágrima, um sorriso...era tão perto o paraíso,
mas,  às vezes, a esperança anda pra trás.

Lembro com ternura, os olhos da noite menina.
O universo inteiro era aquela esquina
e o sonho não fazia planos.
Secretos e abundantes eram todos os jardins.
A paz  não tinha dia, não tinha ano.

Não se chorava por lembranças.
O coração habitava templos de cristais
onde mantínhamos aquele Deus menino
para que ninguém o ferisse  jamais.

Ó vento, ando cansada
da sonolenta noite dos mundos.
A serenidade efêmera das minhas veias
são rios que, a cada dia, me inundam.

E tão longas asas
esquivando-se da noite dos tempos,
vão  seguindo quem não se vê,
vão seguindo seu próprio sonho
espargindo-se nos ventos.



                       



(Direitos autorais reservados).


(foto: www.olhares.com)

Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 22/12/2008
Reeditado em 22/01/2009
Código do texto: T1347595
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