Lembra-te
Lembra-te criança? Quando tão louca
Naquela tarde fagueira e tão barroca
Voavas célere ao som da brisa....
Nas flores tênues da virgem campina
A colher algumas tão indecisa
A sorrir marota, feito menina.
Volvia então a mim, sorridente
Fazia-me uma c’roa e inocente
Pousava-a sublime em minha fronte...
C’os dedos delicados me tocava
Eu louco num ímpeto a abraçava
E rolávamos incautos pelo monte
Era a festa da vida, toda em flora
Nos raios cristalinos da aurora
Amávamos qual cândidas crianças...
Na alfombra onde te deitava
A brisa soprando te enleava
Fazendo ondear-lhe as negras tranças
Fora louco esperar eternidade,
Deste sonho que um dia foi verdade
Deste mar de camélias – utopia...
Quem dera hoje voltar aquela era
Onde vivi o primeiro amor, quimera
Onde nos olhos meus se via alegria.