Lembra-te

Lembra-te criança? Quando tão louca

Naquela tarde fagueira e tão barroca

Voavas célere ao som da brisa....

Nas flores tênues da virgem campina

A colher algumas tão indecisa

A sorrir marota, feito menina.

Volvia então a mim, sorridente

Fazia-me uma c’roa e inocente

Pousava-a sublime em minha fronte...

C’os dedos delicados me tocava

Eu louco num ímpeto a abraçava

E rolávamos incautos pelo monte

Era a festa da vida, toda em flora

Nos raios cristalinos da aurora

Amávamos qual cândidas crianças...

Na alfombra onde te deitava

A brisa soprando te enleava

Fazendo ondear-lhe as negras tranças

Fora louco esperar eternidade,

Deste sonho que um dia foi verdade

Deste mar de camélias – utopia...

Quem dera hoje voltar aquela era

Onde vivi o primeiro amor, quimera

Onde nos olhos meus se via alegria.

Moisés Lopes
Enviado por Moisés Lopes em 15/12/2008
Código do texto: T1336828
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