SEM TETO
Quando aqui revejo os móveis
Na disposição antiga
É como se nunca houvera partido
Ou como se ninguém por força maior
Tivesse se ausentado.
Quando cada canto me preenche
É como se a dor não fosse inventada
Após as ausências nem sei em que longe
Da mente se esconde esse teto
Escurecido pelos dias inúteis.
Quando distante dessas paredes
Que me aguardam e guardam
Não entendo de onde as vozes
Oferecendo um chá na suavidade
Da música que embala junto ao berço
Ou me prepara pra dormir.
Meu mundo incerto
Minha casa edificada
À margem do caminho
Por onde vagou o sonho
Sem alicerce
Como meu corpo nômade
Ou minha alma sem raízes.